ESTEVÃO BERTONI
FOLHA DE SP
Por cerca de 40 anos, em Tupã, a 514 km de São Paulo, Giichi Maeda manteve uma confeitaria. Depois que a vendeu, no começo da década de 80, nunca mais revelou qualquer receita de doce, nem mesmo para a família.
Acontece que os segredos das guloseimas foram vendidos junto com o negócio. Giichi, cumpridor fiel de sua palavra, depois de fechar o contrato manteve para sempre em sigilo as fórmulas das coberturas e, especialmente, de sua famosa massa folhada.
Imigrante japonês, ele veio sozinho ao Brasil n os anos 30. Foi trabalhar na lavoura na região de Pereira Barreto, no interior de SP.
Depois, mudou-se para Marília (SP), onde começou no ramo dos doces. Aperfeiçoou-se no ofício na Confeitaria Tartaruga, cujo dono acabaria se tornando seu sogro. Mitsue, sua mulher, era também imigrante japonesa.
Em 1941, eles decidiram viver em Tupã. Lá, Giichi montou a própria confeitaria, usando o mesmo nome da do sogro: Tartaruga. Na empresa, de caráter familiar, contava com a ajuda da mulher.
Por ter se estabelecido e conseguido criar seus filhos no Brasil, tinha um forte sentimento de gratidão com o país, como conta a família. Sentia orgulho por ter se naturalizado brasileiro.
Mas o sotaque ele nunca perdeu.
No pós-guerra, voltou algumas vezes ao Japão para visitar os pais e os irmãos.
Era comunicativo e sociável, de acordo com a família, e gostava de jogar tênis.
Viúvo há quatro anos, morreu no domingo (5), aos 99 anos, de falência de órgãos. Teve quatro filhos, oito netos e seis bisnetos.
arquivo
Giichi Maeda (1912-2111), que era dono de uma as confeitarias mais tradicionais
de Tupã e região, morreu anos 99 anos
Colaboração: Engenheiro Luís Antonio Feliciano, tupãense e assessor especial da Secretaria de Desenvolvimento Metropolitano do Estado de São Paulo